Fishbowl Wives: não veja este dorama na sala

Recentemente a netflix lançou mais um j-drama que retrata a vida de mulheres casadas de um condomínio de luxo em Tóquio. De uma coisa tenho certeza: não veja este dorama na sala.

AVISO DE CONTEÚDO: O dorama Fishbowl Wives e esta resenha possui discussão sobre violência doméstica. 

Quando o assunto são dramas de romance, não é muito comum que eles foquem nas rachaduras do amor e na infidelidade que o mesmo pode gerar. Doramas de romance mais leves só nos mostram a parte mais bonita do amor e muitos são até mesmo bem fantasiosos.

Fishbowl Wives possui uma narrativa íntima e sombria. Ela é uma série original Netflix baseada em um mangá de Kurosawa R. Kinngyozuma, a série é estrelada por Ryoko Shinohara, Takanori Iwata, Masanobu Ando e Kyoko Hasegawa. 

Este dorama não é sobre amor puro e romântico que geralmente você ver em dramas da TV aberta. Ele é sobre o tipo de intimidade e romance que pode ser visto como proveniente da luxúria e do egoísmo. É um olhar sobre assuntos íntimos que leva ao conceito de traição e expandindo para fatores de profunda tristeza, sem deixar de lado a solidão da vida de mulheres casadas. 

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Sinopse

Sakura Hiraga (Ryoko Shinohara) mora no último andar de um condomínio tradicional com vista para a área urbana. Ela desiste dos seus sonhos e se casa com um dono de um salão de belezas. Agora como uma dona de casa, ela parece ter a vida dos sonhos de toda mulher. Sua vida, ou pelo menos o que ela aparenta, tem brilho e parece ser perfeitta. 

Mas em vez da felicidade, ela se vê presa em um ciclo de abusos físicos e psicológicos. Sentindo-se desamparada, Sakura cresce e logo percebe que merece mais e quer ver mais daquele dono da loja que lhe vendeu um peixe dourado. Quando ele a aceita por quem ela é, Sakura é incapaz de conter os sentimentos que ela manteve enterrados e cruza uma linha que muda sua vida para sempre.

Fishbowl Wives: não veja este dorama na sala

Não veja se prefere romance

Não posso deixar de falar mais uma vez que Fishbowl Wives não foca em romance, além disso, ele possui cenas eróticas. O erotismo é trabalhado para contruir a narrativa da trama. Toda a luxúria é visivelmente retratada ali, e quando estamos assistindo vemos as diferenças quando existe amor.

O erotismo rompe os relacionamentos, ou os constrói nesta série, diferenciando a natureza física do ato da intimidade emocional que ele pode criar. O uso do erotismo como ferramenta de contar histórias é o poder da série. Não está lá para chocar e admirar, mas para mostrar os momentos em que as pontes são queimadas e construídas entre momentos no tempo e personagens. Como é a intimidade e como sua experiência está em exibição em Fishbowl Wives. 

Sakura

A metáfora do peixe dourado de Sakura, é o que dá vida a toda a história. O peixinho dourado que Sakura leva para casa é aquele por quem ela se apaixona por sua linda cor, mas como explica o atendente da loja, que em breve será seu amante, a cor se perde quando a água fica suja. Ela pergunta se a cor pode voltar depois de perdida, ao que ele responde que sim, mas com bastante amor e carinho. É um momento que constrói uma base para a história.  

Ver Sakura nutrida em um relacionamento equilibrado contra o abuso que ela sofre de seu marido é de partir o coração. Ainda mais quando seus momentos de ternura com Haruto são combinados com cenas de infidelidade de seu marido em que ele fala coisas ruins dela para outras mulheres. 

Por mais que Fishbowl Wives seja sobre um romance entre o caso de uma mulher mais velha com um homem mais jovem, é mais sobre encontrar coragem para sobreviver fora do casamento e, finalmente, deixar uma situação ruim. Sakura tem que se encontrar fora dos homens ao seu redor e encontrar um significado que a traga à vida novamente. Enquanto isso começa cruzando a linha com um vendedor de peixinhos dourados fofos, culmina com momentos de introspecção e resiliência. 

Sakura abraça quem ela é, seus desejos tanto quanto suas necessidades, e essa é a verdadeira história de amor. Dito isso, o relacionamento de Sakura com Haruto ainda é importante. Sua inocência e a forma como ele a encoraja a exalar tudo o que ela guarda dentro de si é importante para o crescimento de Sakura. 

Às vezes, Fishbowl Wives é difícil de assistir. Não porque seja ruim, mas porque a maneira como Takuya trata Sakura é difícil de testemunhar, especialmente pelas cenas serem bem realisticas. A melhor parte da série é que a vulnerabilidade de Sakura não é a única explorada. 

As histórias paralelas de Fishbowl Wives explora as coisas escondidas da vista do público e a infelicidade que ferve sob a superfície. De certa forma, Fishbowl Wives parece mais uma antologia do que uma narrativa linear. Enquanto Sakura é o nexo de tudo, com sua infidelidade pública, também retrata a história de muitas das mulheres ao seu redor, Yuka, Noriko, Saya e Hisako têm suas próprias histórias. Eles têm sua tristeza e solidão que ajudam a completar o foco do drama. 

Infidelidade e histórias paralelas

Embora seja fácil ver o tema da infidelidade, Fishbowl Wives está mais preocupado em como as mulheres se tornam esposas de aquário. Existe ali uma infinidade de expectativas e razões que vão desde sentir-se negligenciada até ter um relacionamento extraconjugal a pedido do marido que se transforma em algo mais. 

Contudo, enquanto a infidelidade é o centro da trama, nem todo casamento é aquele do qual as pessoas querem escapar, e nem todo caso é feito por luxúria ou mesmo vulnerabilidade. Mas, ao apresentar uma infinidade de razões para os casamentos desmoronarem, Fishbowl Wives também se preocupa em mostrar relacionamentos reconstruídos e poupados do cruzamento da linha. 

Quando não foca apenas em Sakura, muitos episódios acabam fazendo com que o telespectador queira ver mais dela mesmo que as histórias paralelas da trama sejam bem feitas, a de Sakura é a mais atraente e aquela em que você passa mais tempo extremamente pronto para ver como a vida de Sakura está indo e como ela vai terminar. 

Mesmo sendo baseado em um mangá de antologia e nomear cada episódio na esposa principal, que é Sakura, a história de dela não é necessariamente a principal. Fishbowl Wives nos mostra sobre independência, resiliência e, em última análise, o papel que se espera que as mulheres desempenhem para seus maridos. 

É uma exploração das pressões sociais e expectativas de gênero por meio da infidelidade. Mas o que faz a série funcionar é que as mulheres nunca são escaladas como vilãs, mesmo quando seus motivos são egoístas. 

Sobre o final

Embora esta não seja uma série que fará você se apaixonar pelo amor, fará com que você faça reflexões de quem você é por dentro e por fora. Com um episódio final impressionante que nos dá um vislumbre dos caminhos que cada mulher escolheu, Fishbowl Wives é uma série que parece totalmente completa.

Algumas pessoas que já assistiram não gostaram do fim, porém, creio que seja pelo fato de não terem entendido o enredo e os objetivos de Sakura. Assim como mencionei no tópico sobre ela, o j-drama nos mostra que antes de amar alguém, precisamos ter amor próprio em primeiro lugar. Então não comece assistindo achando que é um romance fantasioso água com áçucar, pois irá se arrepender.

As cenas e histórias reais nos trazem diversos sentimentos e isso fez com que a trama me prendesse cada vez mais e me fizesse mergulhar tanto na história principal quanto nas histórias das outras mulheres.